Comando Vermelho avança e já domina 344 cidades na Amazônia

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O mais recente relatório Cartografias da Violência na Amazônia, divulgado nesta quarta-feira, 19, mostra que o Comando Vermelho (CV) acelerou sua expansão e hoje exerce o maior domínio territorial entre as facções que atuam na região. O documento indica que 344 municípios já apresentam sinais concretos de presença criminosa, revelando uma mudança estrutural na dinâmica da Amazônia. 

A disputa direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC) permanece ativa e, segundo o levantamento, gerou conflitos em 57 cidades mapeadas em 2025. A estrutura utilizada pelas facções funciona como uma rede complexa que integra armas, transporte clandestino e conexões com garimpos ilegais e invasões de terras indígenas — elementos que reforçam o poder das organizações em áreas remotas.

Avanço do CV e impacto no aumento da violência letal

Mesmo com uma redução de 7,7% nos homicídios, a Amazônia registrou 27,3 mortes violentas por 100 mil habitantes em 2024, índice 31% acima da média nacional. Esse número confirma a interiorização da violência e o deslocamento progressivo de atividades criminosas para regiões anteriormente menos afetadas. De acordo com os pesquisadores, a expansão das facções está diretamente ligada à extração irregular de minérios e à ocupação de territórios protegidos. Municípios próximos de áreas de garimpo e de fronteira — como Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), São Félix do Xingu (PA) e Rio Preto da Eva (AM) — registraram alguns dos percentuais mais altos de homicídios na região.

A presença crescente do Comando Vermelho em garimpos vem alterando de forma profunda o padrão de atuação do crime organizado. Conforme descreve o relatório, os traficantes passaram a cobrar taxas, controlar insumos e impor regras aos trabalhadores, estabelecendo o que autoridades têm definido como um modelo de “governança criminal” em zonas isoladas onde o Estado possui baixa capacidade de atuação.

Apreensões recordes e pressão crescente nas fronteiras

O documento também destaca que o tráfico internacional de drogas consolidou novos corredores estratégicos na Amazônia. As apreensões de cocaína atingiram 46,9 toneladas em 2024, maior volume da série histórica e equivalente a um aumento de 21% em relação ao ano anterior. Amazonas e Mato Grosso responderam por mais de 80% do total capturado. Para os pesquisadores, pistas clandestinas, rotas fluviais e a proximidade com fronteiras dominadas por grupos armados reforçam o papel da região como eixo central para o escoamento da droga.

Outro dado preocupante refere-se à violência sexual contra meninas e mulheres, que cresceu 4,3% na Amazônia, ao contrário do restante do país, onde houve leve queda. A taxa regional supera a média nacional em 36,8%, e em municípios de fronteira esse índice chega a ser 68,7% maior que o registrado no interior amazônico. O estudo atribui esses números à combinação entre isolamento geográfico, escassez de serviços públicos e fortalecimento das facções.

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da Redação