O relativismo de Eric Hobsbawm: Mais um engodo no processo de “santificação” dos ídolos comunistas

20/11/2025 às 09:56 Ler na área do assinante

Em algum momento da sua vida, você já teve ter ouvido falar em Eric Hobsbawm. Leitura obrigatória para alunos de graduação em História, ícone intelectual da esquerda e elevado ao status de ídolo pelo movimento comunista, ele é tratado como referência a ser seguida pelos novos e velhos membros das classes falantes. Dentre os seus livros, ‘’A Era dos Extremos’’ é o mais lido e conhecido – residindo nele os seus talentos e defeitos como homem de ideias.

Li uma matéria recentemente publicada no UOL sobre Hobsbawm. Como já sei o viés desse portal, não esperava nada menos que bajulação e inverdades acerca do dito cujo. Foi precisamente isso que vi. O texto apresenta-o como ‘’historiador das lutas sociais’’ e ‘’um militante bastante crítico’’. Quem conhece o processo de santificação dos ídolos comunistas sabe muito bem como o engodo é condição sine qua non para o alcance de tal objetivo, e o caso supracitado não é diferente de maneira alguma.

Eric Hobsbawm vivenciou as tragédias do século XX. Nascido no Egito, filho de pais judeus, ficou órfão ainda criança e foi criado pelos tios, que se mudaram para a Alemanha. Em Berlim, testemunhou a dissolução do sistema político alemão com a ascensão de Adolf Hitler e a consequente instauração do Terceiro Reich nazista. Era o período pós-guerra, quando a democracia liberal foi dilacerada por totalitarismos nascentes e as monarquias europeias caíram como castelos de areia caem com o vento – pouquíssimas restaram. Hobsbawm optou pelo comunismo, escolha defendida obstinadamente até o final da sua vida.

Tal decisão deve ser vital para a compreensão das suas obras. Como um historiador marxista, Hobsbawm tenta reescrever a História sob a ótica da luta de classes com a primazia do fator econômico sobre o resto. Para Karl Marx, a alocação dos meios de produção era o fator determinante das relações humanas, sendo o resto – tradições, identidade nacional, religião, costumes milenares – nada além da dita ‘’superestrutura’’. Ou seja, a condição material dos donos dos meios de produção e dos desafortunados é o motor da humanidade, com o resto adquirindo a definição de ‘’ideologia’’ – um vestido de ideias utilizado pelos exploradores para oprimir continuamente os explorados.

Acontece que Marx errou em tudo. As condições materiais não são a base das relações humanas, pois antes mesmo do seu surgimento existiam e ainda existem instituições baseadas em tradições que regulam a vida as pessoas – no caso da Inglaterra de Hobsbawm, o direito consuetudinário é um ótimo exemplo. Isso por si só inviabiliza qualquer esforço no sentido de enxergar o passado pela luta de classes. Além disso, o conceito de ‘’mais-valia’’ foi refutado pela Escola Austríaca e já serve para demonstrar a fraude intelectual do marxismo.

Porém, Hobsbawm ignora tudo isso. A sacrossanta causa comunista continuou a fazer o seu coração bater mais forte e relativizar o leque nada pequeno de crimes, desumanidades e genocídios cometidos pelo comunismo. No já citado ‘’A Era dos Extremos’’, nada de críticas ou menções ao morticínio da Revolução Russa. Ao contrário: Lênin é descrito como o líder de um movimento que compreendeu o que as massas queriam. O historiador omite cuidadosamente que a revolução não foi perpetrada pelas camadas populares e sim por uma elite intelectual armada fortemente influenciada pelos ideais marxistas. Também não é feita qualquer citação à abolição dos tribunais de justiça – único instrumento disponível contra perseguições arbitrárias – e à liquidação dos opositores no período conhecido como Terror Vermelho – o número de vítimas é estimado em 1.200.000.

A supracitada matéria do UOL afirma que Hobsbawm condenou a invasão soviética à Hungria em 1956, quando opositores do regime comunista – cerca de 20 mil – foram assassinados de maneira covarde e cruel. Mentiras das grossas. Ele declarou na época que a ação foi ‘’uma necessidade trágica para impedir a ascensão de um governo reacionário de direita ao poder’’. O Partido Comunista da Grã-Bretanha não fez qualquer menção em repudiar o derramamento de sangue na Hungria, e Hobsbawm permaneceu filiado à agremiação até o seu fim em 1991 – ao contrário do também historiador marxista E. J. Thompson, que abandonou o partido assim que teve ciência da chegada dos tanques soviéticos em Budapeste.

O comunismo foi responsável pelos maiores morticínios já vistos pela humanidade. Em todas as nações infectadas pelo vírus comunista, uma legião de destruição e cadáveres é a herança deixada para as gerações futuras. Nenhum dos seus líderes passou sem sujar as mãos de sangue, arrasar a funcionalidade econômica e destruir os sonhos de liberdades dos cidadãos que conseguem escapar da matança vermelha. Imbuídos de um futuro idealizado e prometendo o paraíso terrestre, tudo o que entregam é a amostra do inferno. Parafraseando Gustavo Corção, quando se quer fazer da Terra o próprio paraíso, a felicidade do Céu é perdida junto com a terrena.

É impossível que um homem culto e letrado – sim, ele possuía tais qualidades – como Eric Hobsbawm não tenha tido conhecimento das atrocidades empreendidas pelo comunismo. A recusa obstinada em reconhecer a verdade em detrimento da religião política contaminou não apenas a sua obra como historiador, mas a sua credibilidade em qualquer tema do debate público.

Continuar a defender um movimento responsável pelo maior genocídio da história humana é a prova cabal de que uma paixão ideológica pode ser maior que o amor pela verdade. O relativismo de Hobsbawm pavimenta o caminho para a desgraça infinita – dele, dos que padecem do mesmo mal e dos inocentes que acabam pagando sem ter culpa alguma.

Carlos Júnior

Jornalista

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