A Toga, a Espada e o Colapso do Equilíbrio: Uma Leitura à Luz de Olavo de Carvalho

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O Brasil vive um momento que, para muitos analistas, marca uma ruptura na história institucional da República.

A submissão simbólica de generais de alta patente — herdeiros da tradição de Caxias — ao protagonismo absoluto do Judiciário sinaliza algo que vai muito além de decisões jurídicas: representa a consolidação de um novo arranjo de poder no qual a toga, e não mais a política ou a força de Estado, passa a definir o eixo da vida nacional.

Esse fenômeno não é apenas histórico; é filosófico.

E, para compreendê-lo, o pensamento de Olavo de Carvalho oferece uma chave interpretativa poderosa.

1. A estrutura do poder e o “mecanismo de usurpação lenta”

Olavo de Carvalho descreveu, em diversos ensaios, o processo pelo qual instituições originalmente criadas para arbitrar conflitos passam, paulatinamente, a assumir funções que não lhes pertencem, movidas por uma combinação de omissão política, ambições corporativas e assimetrias de narrativa.

Ele chamou esse processo de “usurpação lenta e silenciosa”, na qual um poder cresce não pela força explícita, mas pelo vácuo deixado pelos demais.

À luz dessa teoria, a ascensão da toga no Brasil não é um acidente histórico:

é o resultado de décadas de expansão hermenêutica, hiper-judicialização e ausência de contrapesos institucionais.

2. O Exército e a perda de sua função moderadora

Historicamente, as Forças Armadas — com todos os debates que cercam sua atuação — exerceram papel central na contenção de crises.

Não como poder político direto, mas como instituição que simbolizava estabilidade quando o país deslizava para a desordem.

Olavo afirmava que, sem um “núcleo de autoridade moral”, nenhuma sociedade se sustenta.

O Exército, para amplos setores sociais, sempre foi esse núcleo.

Sua atual submissão simbólica reflete o colapso desse centro de gravidade.

Quando generais de quatro estrelas tornam-se objeto de exposição pública e ordens judiciais sem possibilidade de questionamento institucional, o que se perde não são apenas biografias, mas o sentido histórico da farda como último pilar de coesão nacional.

3. A “supremocracia” e o avanço do poder invisível

A teoria olaviana do “poder invisível” — aquele que não aparece nos organogramas formais, mas controla narrativas, burocracias e mecanismos decisórios — encaixa-se de forma inquietante no cenário brasileiro contemporâneo.

Para Olavo, a essência desse poder não é a violência, mas o controle da interpretação.

Quem controla a interpretação, controla a realidade política.

No Brasil, muitos analistas argumentam que o Judiciário ascendeu justamente porque passou a controlar:

 • o discurso legítimo,
 • os limites da opinião,
 • o ritmo da política,
 • e até o alcance das instituições tradicionais.

A isso, alguns juristas chamam de “supremocracia”, conceito que dialoga diretamente com a crítica olaviana ao “Estado hermenêutico”, no qual as leis deixam de ser limites e passam a ser instrumentos elásticos de poder.

4. A desmoralização como técnica de dominação

Olavo de Carvalho dedicou grande parte de sua obra a estudar o uso da humilhação pública como instrumento de engenharia social.

Segundo ele, destruir a imagem simbólica de uma instituição é o primeiro passo para retirar dela qualquer capacidade de resistência moral.

O que se vê agora — sob a leitura de muitos intelectuais — é justamente isso:

a desmoralização pública de figuras que, por décadas, representaram a autoridade histórica do Exército Brasileiro.

Não se discute aqui a legitimidade jurídica de processos, mas o uso simbólico dessas ações para reordenar o campo institucional.

5. A Era da assimetria institucional

Montesquieu sustentava que a liberdade depende da separação equilibrada dos poderes.

Olavo de Carvalho, ampliando essa noção, afirmava que quando um poder se torna moralmente incensurável — quando ninguém pode criticá-lo sem punição — instala-se o embrião do autoritarismo.

Para esses analistas, o Brasil parece ingressar justamente nesse estágio:

- um poder que não admite contestação,
- um poder que controla a narrativa,
- um poder que redefine a própria história das instituições.

E, como diria Olavo, “onde há um poder incontestável, não há República; há tutela.”

Conclusão: A espada de Caxias diante da nova ortodoxia

O Brasil chega a um momento emblemático: não é apenas a prisão de generais que está em jogo — é a redefinição do próprio papel das Forças Armadas na arquitetura do Estado.

Sob a leitura de Olavo de Carvalho, o país atravessa o ápice de um processo de décadas: a captura da autoridade moral pela instância hermenêutica que controla a narrativa nacional.

E, nesse cenário, a espada de Caxias não é derrotada pela força da lei, mas pela supremacia da interpretação, que se tornou, hoje, o verdadeiro centro de poder da República.

Elber Magno

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