URGENTE: Gigante grupo empresarial brasileiro é alvo de operação por suspeita de sonegação bilionária
27/11/2025 às 09:49 Ler na área do assinanteA Receita Federal deflagrou operação contra o Grupo Fit, proprietário da refinaria de Manguinhos, por suspeita de esquema bilionário de sonegação fiscal. A ação acontece nesta quinta-feira (27) em diversos estados brasileiros. O grupo, segundo as autoridades fiscais, acumula débitos estimados em R$ 25 bilhões, o que o torna o maior devedor contumaz do país.
Agentes fiscais cumprem 190 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Distrito Federal. A operação, batizada de Poço de Lobato, investiga pessoas físicas e jurídicas suspeitas de crimes como sonegação fiscal, fraude e ocultação de patrimônio.
O nome da operação faz referência ao primeiro poço de petróleo explorado no Brasil, localizado em Salvador, cuja exploração iniciou em 1939, período em que Monteiro Lobato defendia a indústria petrolífera nacional. A ação envolve a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e os Comitês Interinstitucionais de Recuperação de Ativos (Ciras).
O Grupo Fit, comandado pelo empresário e advogado Ricardo Magro, mantém operações em praticamente todo o território nacional, apesar de sua sede estar no Rio. Em setembro, em entrevista à Folha, Magro, que atualmente vive em Miami (EUA), negou que suas empresas pratiquem sonegação fiscal, afirmando ter negociado débitos no Rio e que em São Paulo existe apenas uma discordância sobre a forma de pagamento.
ESQUEMA FINANCEIRO UTILIZA REDE COMPLEXA DE FUNDOS
As investigações da Receita revelaram que o Grupo Fit movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano. O esquema utilizava empresas próprias, fundos de investimento e offshores, incluindo uma petroleira no exterior, para ocultar lucros obtidos em operações suspeitas.
O Fisco identificou que o grupo operava com uma empresa financeira "mãe" controlando diversas "filhas", criando operações que dificultavam a identificação dos reais beneficiários. A principal financeira do grupo mantinha 47 contas bancárias vinculadas contabilmente às empresas do conglomerado, utilizando as chamadas "contas-bolsão" para impedir o rastreamento do fluxo de recursos.
Entre 2020 e 2025, o grupo importou mais de R$ 32 bilhões em combustíveis. Uma das principais operações internacionais envolveu a aquisição de uma exportadora em Houston, Texas, da qual foram importados combustíveis no valor superior a R$ 12,5 bilhões no mesmo período.
A Receita identificou 17 fundos ligados ao Grupo Fit, com patrimônio líquido total de R$ 8 bilhões. "Em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo, criando camadas de ocultação. Há indícios de que as Administradoras colaboraram com o esquema, omitindo informações do fisco", destacou o órgão em nota oficial.
OPERAÇÕES INTERNACIONAIS SOB INVESTIGAÇÃO
O braço internacional do Grupo Fit também está sob investigação. A Receita Federal aponta suspeitas de importação com falsa declaração de conteúdo, como gasolina importada declarada como derivados de petróleo para industrialização.
"Já foram identificadas mais de 15 offshores nos EUA, que remetem recursos para aquisição de participações e imóveis no Brasil, totalizando cerca de R$ 1 bilhão", informou a Receita. "Também foram detectados envios ao exterior superiores a R$ 1,2 bilhão sob a forma de contratos de mútuo conversíveis em ações, que podem retornar ao Brasil como investimentos por meio de outras offshores, fechando o ciclo."
A análise dos fundos identificou a participação de entidades estrangeiras como sócias e cotistas, além da coincidência de representantes legais entre offshores e fundos. "Essas entidades foram constituídas em Delaware, nos Estados Unidos, jurisdição conhecida por permitir a criação de empresas do tipo LLC com anonimato e sem tributação local, desde que não gerem renda em território norte-americano", explicou o Fisco.
"Por meio dessa estrutura, as entidades deixam de ser tributadas tanto nos EUA quanto em território nacional. Tal prática, é comumente associada a estratégias voltadas à lavagem de dinheiro ou blindagem patrimonial dos envolvidos."
CONEXÕES COM OPERAÇÕES ANTERIORES
Em operação anterior denominada Cadeia de Carbono, a Receita Federal reteve quatro navios contendo aproximadamente 180 milhões de litros de combustível. A refinaria do grupo no Rio foi interditada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em setembro deste ano.
Os investigadores identificaram conexões financeiras entre o Grupo Fit e entidades ligadas à operação Carbono Oculto. Após a paralisação das distribuidoras investigadas naquela operação, o grupo de Ricardo Magro implementou uma reestruturação de seu modelo financeiro, abandonando o esquema utilizado desde 2018.
Os dados obtidos pela Receita mostram que os novos operadores do grupo, que anteriormente movimentavam aproximadamente R$ 500 milhões, passaram a gerenciar transações superiores a R$ 72 bilhões a partir de 2024.
A assessoria do Grupo Fit não se manifestou sobre a operação até o fechamento desta reportagem. A ação desta quinta-feira conta com apoio das polícias Civil e Militar e dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos).
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da Redação