
O terrorismo do crime organizado já domina totalmente um pequeno estado brasileiro
02/12/2025 às 13:11 Ler na área do assinante
O Tren de Aragua, facção criminosa venezuelana, disputa território com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) em Roraima. O estudo "Cartografias da Violência na Amazônia" revela que 13 dos 15 municípios do estado estão sob influência de organizações criminosas. Em Boa Vista, o grupo venezuelano já controla o tráfico em cinco bairros e nos acampamentos da operação Acolhida, iniciativa federal que desde 2018 auxilia refugiados venezuelanos.
A Polícia Civil registrou 39 homicídios em Roraima entre janeiro e outubro de 2025. Das vítimas, 21 eram venezuelanas (53,8%) e 18 brasileiras (46,1%). No mesmo período, ocorreram 66 tentativas de homicídio, atingindo 34 brasileiros e 32 venezuelanos.
Na semana passada, um líder do Tren de Aragua foi preso em Manaus durante a terceira fase da operação Afluência, que investiga assassinatos ligados à facção na zona oeste de Boa Vista. Seis venezuelanos foram detidos até o momento, com apreensão de drogas e armas.
O crescimento da facção venezuelana em território brasileiro está relacionado à crise humanitária na Venezuela. Roraima apresentou o maior crescimento populacional do Brasil em 2022, embora continue sendo o estado menos populoso, com 637 mil habitantes, segundo o IBGE.
AUMENTO DE HOMICÍDIOS MARCA DISPUTA POR TERRITÓRIOS
Os assassinatos em Roraima aumentaram de 90 casos em 2020 para 127 em 2021, período em que o Tren de Aragua consolidou pontos de venda de cocaína trazida da Venezuela para Boa Vista. Entre março e agosto de 2021, as autoridades atribuíram ao grupo venezuelano doze assassinatos na capital, incluindo quatro vítimas esquartejadas. Boa Vista terminou 2021 como a quinta capital brasileira com maior taxa de mortes violentas: 35 por 100 mil habitantes.
Em janeiro de 2025, a Polícia Civil localizou um cemitério clandestino entre os bairros Pricumã e Cinturão Verde, na zona Oeste da capital. No local, atribuído à facção venezuelana, foram encontrados nove corpos, incluindo um homem esquartejado, ossadas humanas e duas mulheres enterradas na mesma cova.
O PCC mantém presença em todos os 13 municípios afetados pelo crime organizado em Roraima, atuando com exclusividade em cinco deles. O Comando Vermelho está presente em oito municípios, sendo dominante em Amajari, Cantá, Caroebe, Normandia e Uiramutã.
"Na faixa de fronteira, há indícios de que o Tren de Aragua funcione como um braço do 'Sistema', como os interlocutores autointitulam esta rede criminal transnacional que articula diferentes grupos venezuelanos envolvidos nos fluxos ilícitos de combustível, ouro, drogas e armas provenientes da Venezuela e, em alguns casos, também da República da Guiana", afirma o estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
OPERAÇÕES CRIMINOSAS ULTRAPASSAM FRONTEIRAS
As facções expandiram suas operações para o setor mineral da Guiana. Tanto o PCC quanto grupos venezuelanos atuam em garimpos guianenses, demonstrando capacidade de operação internacional.
"Não se descarta que essas redes estejam igualmente vinculadas a esquemas de lavagem do ouro ilegal extraído no Brasil. Há fortes indícios, segundo demonstraram agentes de segurança pública, de que o município indígena de Uiramutã, situado próximo ao marco da tríplice fronteira, funciona como um elo logístico estratégico nas dinâmicas transfronteiriças", completa o estudo.
Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, serve como corredor para desvio de combustível e equipamentos que seguem por rotas clandestinas para áreas de mineração venezuelanas.
O Tren de Aragua ganhou atenção internacional desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump nos Estados Unidos. A facção entrou na mira das autoridades americanas devido às embarcações com drogas vindas da Venezuela.
Integrantes do grupo chegaram ao Brasil a partir de 2016, com influência crescente proporcional ao fluxo migratório. Entre 2015 e 2019, o Brasil registrou 178 mil solicitações de refúgio ou residência temporária de venezuelanos.
ORIGEM E LIDERANÇA DA FACÇÃO VENEZUELANA
Héctor Rustherford Guerrero Flores, conhecido como "Niño Guerrero", é apontado como o principal líder do Tren de Aragua. Ele cumpriu pena entre 2010 e 2012 e de 2015 a 2023. O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela o condenou a 17 anos de prisão por homicídio, tráfico de drogas, roubos, porte ilegal de arma e falsidade ideológica.
O Tren de Aragua teria surgido em 2005, a partir de um sindicato de trabalhadores ferroviários envolvidos na construção de uma linha férrea entre os estados venezuelanos de Aragua e Carabobo. Hoje é considerada a maior organização criminosa da Venezuela.
Além do Brasil, o grupo estabeleceu presença na Colômbia, Bolívia, Equador, Peru e Estados Unidos, utilizando Roraima como ponto estratégico para suas atividades ilícitas na América do Sul.
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