

“A maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade”. (Nelson Rodrigues).
Eis o que diz a Constituição sobre o STF:
- “O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, e a ele compete, precipuamente, a guarda da Constituição, conforme definido no art. 102 da Constituição da República. É composto por onze Ministros, todos brasileiros natos (art. 12, § 3º, inc.)”.
Em uma narrativa pré-empacotada, os milionários ministros do STF brasileiro atacam novamente o povo e ao invés de guardarem a Constituição como está escrito no artigo 102, tratam de rasgá-la. A voz que ecoa pelas cidades e pelos rincões perdidos da Terra dos Papagaios em nome da “confraria dos argentários assentados no supremo” é a de Gilmar Mendes, chamado carinhosamente de “decano” pelos lambe-botas da imprensa.
Como um pop-star, ele apareceu sorridente, deu entrevistas, passeou com seus 4 guarda-costas para que a televisão o filmasse, tudo para divulgar a canetada que aplicou sobre os brasileiros retirando o direito de qualquer cidadão de pedir o impeachment de um ministro do STF.
Por tabela o dono da Constituição aumentou o quórum necessário para que o Senado aceite a abertura de um processo de impeachment contra ele e seus pares.
E fez mais: determinou que a única pessoa que pode abrir processo de impeachment contra “os supremos” é o procurador geral da República.
Isso significa que todos os ministros estão protegidos, resguardados, imunizados. Os ministros podem cometer desvios, injustiças, mutretagens e nenhum dos cidadãos da nação de 213 milhões de pessoas pode denunciá-los, acusá-los, todos devem ficar de bico calado. Só o procurador pode denunciar os “Supremos”. Só ele e mais ninguém. Assim determinou Gilmar, o “supremo” tupiniquim.
Dessa forma o divino protege a cúpula do Judiciário, rasga a Constituição, desacata o Senado, poda o povo brasileiro e avisa que não precisa dele para absolutamente nada. É supremo. É divino.
“Inútil! A gente somos inútil
Inútil! A gente somos inútil
A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dente
Tem gringo pensando que nóis é indigente”.
O Supremo Gilmar, entendendo que todos nós, o povo, somos inúteis, cassou a legitimidade dos cidadãos da Terra dos Papagaios sobre o assunto Impeachment, que era regulado pelo artigo 41 da Lei 1.079/1950:
Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pelos crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40).
Pelo texto da Lei do Impeachment todo cidadão tem legitimidade para denunciar perante o Senado Federal os Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Eis o que alega o ministro supremo:
- "É importante frisar que a prática do impeachment de ministros, quando utilizada de forma abusiva ou instrumentalizada, não se limita a um ataque a indivíduos, mas se configura como um ataque à própria estrutura do Estado de Direito. Quando membros da Suprema Corte são removidos ou ameaçados com base em motivações políticas, a mensagem transmitida é a de que o poder judicial não pode, ou não deve, exercer suas funções de controle de constitucionalidade, de aplicação da lei penal e de responsabilização de agentes ímprobos de maneira autônoma", afirma Gilmar.
Denunciar ministro é ataque “à própria estrutura do Estado de Direito”? Que papo furado é esse? Denunciar ilícitos de Ministros significa exatamente o contrário: por nos trilhos o Estado de Direito!
Disse o jornalista Josias de Souza em artigo para o UOL:
- “A autoproteção é imoral, despudorada e antidemocrática.
É imoral porque confunde a desejável supremacia da Suprema Corte com a inaceitável invulnerabilidade dos seus ministros. É despudorada porque invade a competência do Legislativo, a quem cabe a tarefa de fazer ou remodelar as leis. Há projetos no Congresso. É antidemocrática porque exclui o povo do processo, restringindo ao procurador-geral da República o poder de denunciar ministros do STF ao Senado”.
E disse mais o divino Gilmar em sua lógica de autoproteção:
- "Esse enfraquecimento da separação de poderes abre caminho para um ambiente autoritário, no qual o Executivo ou outros atores políticos dominam as instituições jurídicas. Quando a independência do Poder Judiciário é minada, não apenas a efetividade dos mecanismos de responsabilização é comprometida, mas também a garantia dos direitos fundamentais fica seriamente abalada. Na verdade, a subordinação do Judiciário aos demais Poderes enfraquece o próprio sistema de freios e contrapesos que sustenta a democracia liberal."
Gilmar alega que "a mera ameaça de impeachment" pode ser "suficiente para intimidar membros do Poder Judiciário".
Essa conversa desprovida de bom senso é apenas uma grande lorota do ministro. Embuste pra boi dormir. O que enfraquece a democracia é o ato do ministro invalidando leis consolidadas e invadindo prerrogativas de outros poderes. Pedidos de Impeachments não são ameaça à democracia, nem ao sistema, eles estão inseridos em todas as Constituições do mundo. É instrumento de controle e fiscalização exercida sobre as atividades de pessoas, órgãos, departamentos para que não se desviem das normas preestabelecidas. O Senado e o povo se serve dele para controlar abusos cometidos pelo poder Judiciário.
Outro supremo que se acha intocável e também acredita que o povo é inútil, Flávio Dino, apressou-se em defender o argumento de Gilmar:
- “Há 81 pedidos de impeachment, algo que nunca aconteceu antes. Isso acentua a necessidade de revisar o marco normativo. Espero que esse julgamento, inclusive, sirva como estímulo para que o Congresso Nacional legisle sobre o assunto”.
Tadinho do ministro. É um perseguido. Tão inocente. Ele ainda nem aprendeu a contar. Eis a manchete da Folha neste 4 de dezembro de 2025:
- “Senado soma 99 pedidos de impeachment contra ministros do STF desde 2020; Moraes é principal alvo”.
São 56 pedidos de impeachment contra Moraes. Da atual composição da corte, o decano, Gilmar Mendes, está em segundo lugar na lista, com 12. O ex-ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Flávio Dino aparece em terceiro lugar (8).
Gilmar e Dino não possuem um pingo de vergonha. Eles se fazem de sonsos, pois se existem pedidos de Impeachments é porque crimes foram cometidos pelos ministros.
E os crimes dos ministros supremos da Terra dos Papagaios, hoje, são reconhecidos por todo mundo civilizado:
- “A perseguição política do ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão amplo que não só viola direitos básicos dos brasileiros, como também ultrapassa as fronteiras do Brasil para atingir americanos". (Marco Rubio – Secretário de Estado dos EUA).
Eles foram sancionado pelos EUA e sobre eles foi aplicada a Lei Magnitsky:
- Luís Roberto Barroso (renunciou), Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, e Paulo Gonet, procurador-geral da República.
Sim amigos, Paulo Gonet, sancionado, o único homem na República que pode denunciar os amiguinhos ministros, segundo a canetada de Gilmar.
O Supremo envergonha todos os brasileiros honestos!!!
Nenhum país democrático do mundo possui Ministros do Supremo sancionados.
E por que não são julgados, se eles julgam a todos? Os ministros possuem 99 pedidos de Impeachments e devem ser julgados para saber se são culpados ou inocentes. Se forem culpados devem ser encarcerados igualzinho aos que eles mandam prender. Essa é a lei que eles usam para os outros e não querem que ela seja usada contra eles. Eis o motivo de Gilmar para mais uma ilegalidade: medo!
- Gilmar Mendes e os ministros que o apoiam sabem que os candidatos denunciarão os desmando do STF nas eleições de 2026 e os brasileiros vão apoiar apenas os Senadores que prometerem cassar os ministros que perpetraram crimes, através da Lei do Impeachment.
Esse é o motivo real para a blindagem do STF: medo de perder o cargo e cadeia pelos crimes dos quais são acusados!
Mas todos nós somos idiotas. Nada compreendemos. Somos inúteis:
- “Inútil! A gente somos inútil/ Inútil! A gente somos inútil
A gente faz carro e não sabe guiar
A gente faz trilho e não tem trem pra botar
A gente faz filho e não consegue criar
A gente pede grana e não consegue pagar”.
Os versos que você lê neste texto são da música “Inútil” da banda Ultraje a Rigor. A letra é do compositor Roger Moreira. Gravada em 1983, em um compacto, “Inútil” aparece em 1985, no primeiro álbum do Ultraje a Rigor, intitulado “Nós Vamos Invadir Sua Praia”. Na luta pelas eleições diretas os jovens dos anos 80 que saíram às ruas entoaram repetidas vezes a canção.
Roger queria com sua música conscientizar o povo brasileiro da importância de votar corretamente, do mérito em se adquirir conhecimento verdadeiro, da necessidade de questionamento sobre o que ocorre no Brasil. Principalmente o uso correto da linguagem. Daí os erros de concordância contidos em toda letra da música. Eles são intencionais. Os versos chamam atenção do ouvinte e o convidam a refletir sobre as implicações de suas escolhas.
“Inútil”, segundo a revista “Rolling Stone do Brasil”, é a mais importante canção de protesto do rock brasileiro composta nos anos 80.
Bom final de semana a todos.
Carlos Sampaio
Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)









