Presidente do STJ abre o verbo e admite o crime organizado querendo operar no tribunal

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O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, afirmou que a investigação da Polícia Federal sobre o esquema de venda de decisões judiciais na Corte pode estar relacionada ao crime organizado. A declaração foi feita em entrevista ao site Poder360.

O magistrado de 68 anos apontou que a constante mudança de funcionários entre gabinetes, fenômeno que ele denomina "nomadismo", pode ser um fator associado ao esquema criminoso.

"É exatamente esse nomadismo que se associa ao crime organizado. Ah, o processo importante caiu no gabinete da ministra ou do ministro X ou Y. Então, você vai sair e vai para este outro gabinete. Não estou dizendo que isso foi constatado, mas é uma possibilidade", disse Benjamin.

O presidente explicou que, antes da investigação, essa mobilidade de servidores era considerada normal no Tribunal.

"O servidor chegava e dizia para o ministro: 'Olha, eu recebi uma proposta melhor de um outro gabinete'. Ou 'estou insatisfeito aqui e vou para o outro gabinete'. Até este episódio, não víamos problema nenhum", declarou o magistrado.

Benjamin destacou que seu próprio gabinete mantém uma equipe estável.

"Hoje temos que repensar como cuidar desse nomadismo. No meu gabinete, por exemplo, nunca teve. Estou aqui há 20 anos. A maior parte dos integrantes do meu gabinete está comigo pelo menos há 10", afirmou o presidente da Corte.

CHOQUE DE REALIDADE

A investigação representou um "choque de realidade" para o STJ, segundo Herman Benjamin. "Até este episódio, vivíamos num sentimento de Shangri-lá. De que éramos diferentes dos outros. De todas as instituições brasileiras e estrangeiras", disse o magistrado.

O presidente do STJ contextualizou a dimensão do problema em uma instituição com milhares de colaboradores. "Seria utópico imaginar que o Superior Tribunal de Justiça, com mais de 5.000 servidores, não tivesse uns poucos incapazes de se comportar de acordo com os padrões éticos que são exigidos", afirmou.

Benjamin expressou o compromisso dos ministros com a apuração completa dos fatos.

"Agora, nós ministros queremos todos que esses fatos sejam apurados em profundidade. Punidos exemplarmente. E que o exemplo sirva não só para nós, mas para toda a Justiça brasileira, já que nós somos uma corte nacional", disse.

OPERAÇÃO SISAMNES

A PF deflagrou a Operação Sisamnes em novembro de 2024. A ação investiga uma organização criminosa especializada na antecipação de decisões judiciais do Tribunal mediante pagamento. Um assessor do STJ foi demitido em setembro deste ano em conexão com as investigações.

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da Redação