

Abateu, não há como negar. Foi a pior pancada que a direita recebeu, como um golpe na nuca – daqueles que deixam a vítima atordoada sem entender o que está acontecendo. A Lei Magnitsky sobre Alexandre de Moraes e sua esposa era o porto seguro que ancorava a esperança do povo brasileiro. Era a certeza de que a cavalaria do Tio Sam chegou para resgatar o Brasil de um golpe eleitoral que sacramentou a ditadura imposta pelo Judiciário/PT.
O povo brasileiro tinha o Trump como um herói que chegou para salvar a democracia brasileira. Daí a desilusão que tomou conta da nação inteira. De repente a população percebe que o presidente americano não está preocupado em salvar o povo brasileiro de uma ditadura e de uma quadrilha que quer se perpetuar no poder, mas que o interesse dele é exclusivamente o bem-estar dos americanos e trazer riquezas para os EUA.
Trump trocou a cabeça careca e ilustrada do Xandão por um punhado de Terras Raras. Bem-feito para o povo brasileiro – assim quem sabe a população aprende? Nessa esteira de narrativa publicou o Deputado Carlos Jordy em suas redes sociais, dizendo que fica “uma enorme lição para nós: não terceirizemos nossa responsabilidade”.
Por outro lado, qualquer criatura minimamente pensante nesse país concluirá que os reais interesses de Donald Trump na Venezuela não é o resgate da democracia ou o combate ao narcotráfico, mas as reservas de petróleo venezuelanas.
O fato é que a ajuda não virá de fora. Somente o povo arregaçando as mangas e provocando uma ruptura radical e enérgica com o atual sistema, poderá resgatar o nosso país das mãos desses bandidos que estão invertendo e subvertendo todo o nosso ordenamento jurídico.
Num país normal agora seria o momento em que os congressistas (aqueles que foram eleitos pelo voto popular, que representam seus eleitores – o povo) assumiriam seus papéis de líderes – e convocariam a massa para uma desobediência civil generalizada - mas estamos no Brasil.
Aqui, com a metade das lideranças da direita presa, caçada ou exilada – a outra metade se desencoraja a atuar com mais veemência. A grande maioria dos deputados e senadores se prostituiu ao trair os interesses dos seus eleitores em troca de emendas parlamentares. Outros simplesmente possuem telhado de vidro e são reféns do STF, porque respondem a processos sérios que estão nas mãos desses ministros. Enfim, são um bando de covardes.
Da mesma forma que os militares envergonharam a nação num passado próximo, nossos congressistas estão encabulando agora. É por isso que temos Roberto Jefferson e Daniel Silveira presos – porque esses estariam fazendo uma arruaça agora.
Fico imaginando o Eduardo Bolsonaro e o Paulo Figueiredo nesse instante, como devem estar se sentindo? O importante é eles não deixarem a peteca cair. Pouco importa a Lei Magnitsky – o mais importante é que esses dois estão revelando ao mundo tudo o que está acontecendo por aqui. O Congresso Americano está envolvido e o compromisso com a democracia não se limita ao presidente americano.
Contudo, sem uma ruptura com o atual sistema provocada pelo povo de nada adianta a conscientização da comunidade internacional.
A tendência é só piorar, seguindo as projeções antigas de que a ditadura se instala de forma progressiva.
Essa infeliz decisão do presidente americano pode ser revertida a nosso favor, se nos servir como um choque de realidade que nos impulsione à luta. Lamentavelmente o momento não é de paz.
Coragem, povo brasileiro!
O que está em jogo é a nossa liberdade, dos nossos filhos e netos – o destino das nossas famílias. “Verás que o filho teu não foge à luta”, diz nosso hino – e assim será!
Carlos Fernando Maggiolo
Advogado criminalista e professor de Direito Penal. Crítico político e de segurança pública. Presidente da Associação dos Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro – AMO-RJ.













