Flávio surpreende, mostra preparo, equilíbrio e firmeza de estadista na pré-corrida ao Planalto (veja o vídeo)

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Nas primeiras entrevistas concedidas após anunciar sua pré-candidatura à Presidência da República, Flávio Bolsonaro apresentou um desempenho que chamou a atenção não apenas de aliados, mas também de analistas mais céticos. Longe do tom meramente confrontacional que muitos esperavam, o senador optou por uma postura ponderada, técnica e, ao mesmo tempo, firme — um movimento que indica esforço claro de ampliação de diálogo e maturidade política.

No tema do Bolsa Família, Flávio evitou o discurso simplista de extinção ou demonização do programa. Reconheceu seu papel social, sobretudo em regiões de maior vulnerabilidade, mas foi crítico quanto ao uso político do benefício e à ausência de mecanismos eficazes de emancipação econômica. Ao defender a integração do programa com políticas de emprego, qualificação profissional e estímulo ao empreendedorismo, o senador sinalizou uma abordagem mais estrutural, que busca reduzir a dependência do Estado sem ignorar a realidade social brasileira.

Em Segurança Pública, seu posicionamento foi ainda mais assertivo. Flávio apresentou uma visão que combina endurecimento contra o crime organizado com fortalecimento institucional das forças de segurança. Destacou a necessidade de inteligência policial, integração entre estados e União e valorização dos profissionais da área, evitando tanto o discurso meramente punitivista quanto a retórica permissiva. A crítica implícita à falta de coordenação nacional e à fragilidade no combate às facções foi feita de forma direta, mas sem apelos emocionais exagerados.

Já no debate sobre o ativismo do Judiciário, o senador adotou um tom cuidadoso, porém firme. Defendeu a independência entre os Poderes e alertou para os riscos de decisões judiciais que extrapolam os limites constitucionais, especialmente quando impactam o processo político e a liberdade de expressão. Ao evitar ataques personalistas, Flávio buscou se posicionar como defensor do equilíbrio institucional, reforçando a ideia de que críticas ao ativismo não significam desrespeito às instituições, mas sim a defesa do seu correto funcionamento.

De forma geral, as entrevistas revelam um Flávio Bolsonaro mais preparado para o debate nacional, com discurso menos reativo e mais estratégico. Ainda que suas posições despertem controvérsia, o tom adotado — crítico, mas racional — sugere uma tentativa clara de se apresentar como uma liderança capaz de dialogar com diferentes setores da sociedade, sem abrir mão de princípios conservadores e de uma agenda firme em temas sensíveis ao eleitorado.

Veja o vídeo:

Foto de Emílio Kerber Filho

Emílio Kerber Filho

Jornalista e escritor
Autor do livro “Por trás das grades - O diário de Anne Brasil”.