
Garçom pode tentar fechar a conta da família Lula da Silva, por favor
16/12/2025 às 12:57 Ler na área do assinante
Há contas que insistem em ficar abertas — e não é só a do restaurante. Quando o poder se mistura com relações familiares, cada gesto vira uma linha no extrato público.
Nesses últimos três anos o cardápio foi duro: episódios, suspeitas e polêmicas que cercam filhos, parentes e próximos de Luiz Inácio Lula da Silva. Não é um veredicto; é uma cobrança de transparência, baseada em fatos e registros públicos.
O FIO DAS SUSPEITAS E DAS CONVOCAÇÕES NEGADAS
A tentativa de puxar a cadeira para Fábio Luís Lula da Silva, o “Lulinha”, na CPI do INSS foi barrada pela base governista: pedidos da oposição foram derrotados e não há, oficialmente, investigação aberta contra ele no colegiado. A blindagem impede o esclarecimento.
A senadora Eliziane Gama chamou a convocação de “politicamente motivada” e sem respaldo técnico, dizendo que não há documentos que vinculem Lulinha ao esquema sob apuração, enquanto o presidente da CPI mencionou suposto lobby — tudo ficou no campo da disputa política, não do indiciamento formal.
A disputa passou para o Tribunal de Contas da União: o senador Flávio Bolsonaro protocolou representação pedindo auditoria sobre um suposto elo entre Lulinha e Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, com alegações de pagamentos sem contrato e comunicação “direta e frequente” — versões que se baseiam em reportagens e depoimentos, ainda a serem comprovadas em processo regular.
Em contraponto, o próprio “Careca” negou qualquer relação com governo e participação em fraudes, em depoimento à CPMI.
AS PONTAS DA REDE: CARGOS, RELAÇÕES E ACUSAÇÕES
Entre as conexões que acendem alerta: José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão de Lula e tio de Lulinha, figura como vice-presidente do SINDNAPI, entidade ligada a aposentados — justamente o público afetado pelas denúncias em torno do INSS.
A representação pede “redobrada cautela” por possível conflito de interesse, o que não equivale a culpa, mas exige escrutínio institucional. Mas apesar desse envolvimento direto ainda assim não se consegue levar o irmão do presidente para a cadeira dos suspeitos.
No plano familiar público, os cinco filhos de Lula têm trajetórias distintas e já apareceram em manchetes por motivos diversos. Lulinha, biólogo e empresário, foi sócio da Gamecorp e alvo de investigações na Lava Jato sobre aportes milionários — episódios que alimentaram questionamentos sobre a proximidade com grandes empresas. Já Luís Cláudio, o caçula, foi acusado pela ex-companheira de violência física, moral e psicológica; a defesa nega as acusações.
Esses fatos compõem a moldura de um clã cuja vida privada se entrelaça, inevitavelmente, com o impacto público.
PERGUNTAS QUE NÃO PODEM FICAR SEM RESPOSTA
- Quem se beneficiou? Há evidência material, além de depoimentos, de pagamentos e contrapartidas indevidas envolvendo familiares do presidente? Se sim, onde estão os contratos, notas e trilhas de transferência?
- Onde falhou a governança? Se houve fraudes contra aposentados, como os mecanismos de controle do INSS foram burlados — e por quem, concretamente, com nomes e atos?
- Como blindar o sistema? Que medidas de transparência e compliance serão exigidas de entidades e pessoas com vínculos familiares ao poder, para evitar a sombra de favorecimentos?
A conta não fecha com desconfiança; fecha com provas, auditoria e consequências.
As provas estão sendo suprimidas, outras rasgadas e escondidas — e ainda temos o STF de plantão para colocar sigilo no que estiver muito próximo de vir à tona.
Enquanto isso não acontece, o mínimo que se deve ao público é luz: documentos, decisões, trilhas de dinheiro, o contraditório.
O garçom está prestes a fechar a conta da família Lula da Silva, seja com recibo, valor discriminado e assinatura ou mesmo por envolvimento com outras “personalidades” que os denunciaram.
Os documentos desse envolvimento foram eliminados. Mas a credibilidade das testemunhas tem de ser validadas.
Sem isso, é só ruído — e o Brasil não merece pagar por ruídos.
Enquanto houver um exército para blindar suspeitos e impedir que a verdade seja esclarecida naquela mesa, ali da esquerda, os produtos mais caros do restaurante continuarão sendo servidos...
E não haverá pratos ou louças suficientes para lavar tanta sujeira.
Jayme Rizolli
Jornalista.







