Preso, morre ex-PM apontado como mentor de megafraude em concursos

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O ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, de 44 anos, morreu enquanto estava custodiado. Ele estava internado no Hospital Regional de Patos, na Paraíba, onde veio a óbito. Wanderlan era investigado e acusado de liderar o que autoridades classificam como um dos maiores esquemas de fraude em concursos públicos já identificados no país.

De acordo com a Polícia Federal, o ex-PM chefiava uma organização criminosa altamente estruturada, ativa ao menos desde 2022. 

O grupo ganhou projeção nacional após o avanço das investigações relacionadas ao Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024, considerado um marco na apuração das irregularidades.

As investigações apontam que o esquema oferecia aprovações em concursos de alto nível e utilizava uma base familiar como eixo central da operação. Para os investigadores, essa estrutura funcionava como uma forma de proteção interna, dificultando a identificação e a responsabilização dos envolvidos.

Além do CNU, a Polícia Federal reuniu indícios de manipulação de resultados em seleções da Polícia Civil de Pernambuco, da Polícia Civil de Alagoas, da Universidade Federal da Paraíba, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Em alguns desses certames, o próprio Wanderlan aparecia entre os aprovados.

Um dos exemplos citados pelos investigadores é a aprovação do ex-policial para o cargo de auditor fiscal do trabalho, função com salário inicial superior a R$ 22 mil, o que reforçou as suspeitas sobre o alcance e a sofisticação do esquema.

Segundo a PF, pelo menos quatro parentes integravam o núcleo central da organização criminosa, incluindo irmãos, um filho e uma sobrinha. As análises técnicas mostraram coincidência absoluta entre acertos e erros em provas diferentes, um padrão considerado estatisticamente impossível por especialistas consultados durante a investigação.

Outro episódio que chamou a atenção dos investigadores envolve uma candidata que teria sido aprovada em ao menos 14 concursos públicos em áreas completamente distintas, como medicina, direito e fiscalização, algo visto como altamente improvável sem interferência externa.

Wanderlan possuía um histórico criminal extenso. Ele já respondia por crimes como homicídio, roubo qualificado, peculato, concussão, abuso de autoridade e uso de documento falso. Para a Polícia Federal, o conhecimento adquirido durante o período em que atuou na Polícia Militar foi decisivo para estruturar o esquema, sobretudo no que diz respeito à ocultação de provas.

Interceptações telefônicas indicam que o ex-PM apagava mensagens de forma sistemática e discutia estratégias para dificultar o avanço das investigações. Mesmo após a prisão de seu filho, em 2024, durante uma operação da Polícia Civil da Paraíba que apurava fraudes em concurso da PM, Wanderlan teria continuado atuando ativamente na organização.

Em conversas monitoradas, ele aparece debatendo maneiras de transferir a responsabilidade do esquema para terceiros, incluindo a tentativa de atribuir os crimes a um traficante já falecido, segundo apontam os investigadores.

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da Redação