
Democrático, desumano, cruel e eficiente: A ferramenta utilizada pelo sistema
24/12/2025 às 16:36 Ler na área do assinante
O Império Romano promovia lutas onde os presos escravizados pelo próprio governo lutavam entre si ou enfrentavam feras e tinham a chance de se tornarem heróis, mas nunca livres. Tanto homens quanto animais eram mantidos pelo sistema.
As lutas dos gladiadores serviam apenas para distrair a população dos problemas sociais e extravasar a revolta e a sensação de opressão do povo, que aceitava canalizar sua ira escolhendo um lado para ser massacrado e morto diante dos seus olhos.
O povo é quem tomava a decisão de perdoar ou condenar um gladiador derrotado, usando gestos com o polegar (para cima para perdoar, para baixo para matar).
Democrático, desumano, cruel e eficiente, como deve ser qualquer ferramenta de controle social.
Imagine o quão denso era o clima da época, onde gritos, ofensas, sangue e morte eram normalizados por homens, mulheres e crianças. E como reclamar do governo se era o povo quem escolhia por matar ou perdoar? Óbvio que a população não teria como despertar, começar a vibrar positivo ou emanar qualquer onda de amor e perdão capaz de receber coisas boas de volta.
Depois disso houve a ascensão do Cristianismo e da Igreja e o massacre foi substituído oficialmente pela política.
O que mudou?
A arena é outra, os gladiadores são outros e as feras também, embora tanto homem quando fera sejam alimentados pelo sistema.
Mas os sentimentos mudaram?
Seguimos escolhendo uma pessoa para massacrar, torcendo para fera ser alimentada, torcendo pela prisão dos revoltados, pelo desemprego de quem votou no atual governo, falência de quem votou contra; boicote dos inimigos, linchamento moral de quem pensa diferente, ofensas a quem ousa sugerir moderação; mulheres X homens, gays X heteros, brancos X pretos, ricos X pobres, povo X instituições, sul X nordeste, direita X esquerda...até quando vamos sustentar essa "energia" e esperar algo bom em troca?
Você já pensou em se tornar um rebelde e simplesmente não sentar na arquibancada do espetáculo?
Imagine o poder desta cena:
O governo, os gladiadores e as feras esperando o show começar mas a plateia vazia...
"Onde está o povo? Será que estão em casa se curando, desejando o bem, se perdoando, cuidando de suas famílias e plantações, elevando seus sentimentos, evoluindo espiritualmente e se libertando? Meu Deus! E se coisas boas começarem a acontecer com eles? E se eles conseguirem colher mais neste ano, como vamos mantê-los reféns pela fome e pelo medo? O que será de nós? Espalhem que as feras estão mais famintas, que os gladiadores ameaçaram suas famílias, divulguem aos quatro cantos que é dever do povo fazer justiça com seus polegares... não podemos perdê-los..."
Se o povo despertar, o jogo acaba...
Raquel Brugnera
Pós Graduando em Comunicação Eleitoral, Estratégia e Marketing Político - Universidade Estácio de Sá - RJ.













