O jogo de poder, a cabeça de Moraes, o método de Donald Trump e o erro da direita

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Os indícios de que o próprio Partido dos Trabalhadores pode estar disposto a sacrificar Alexandre de Moraes ganham ainda mais consistência quando confrontados com fatos recentes e reveladores. Um deles foi a denúncia feita pelo senador Jaques Wagner, figura central do PT, ao afirmar que Donald Trump atuou diretamente para influenciar a aprovação da dosimetria aplicada aos presos do 8 de janeiro. A gravidade da declaração não está apenas no conteúdo, mas no que veio depois: sua voz foi rapidamente abafada pelo próprio partido, que tratou de esvaziar o episódio e impedir que a narrativa ganhasse tração.

Em política, o silêncio forçado costuma ser mais eloquente que o discurso. Soma-se a isso o vazamento do encontro entre Moraes e Gabriel Galípolo, informação que não partiu da oposição, mas de dentro do próprio governo — e que teve na Globo, veículo historicamente alinhado ao projeto petista, o primeiro e mais enfático difusor. A escolha do mensageiro revela a intenção: quando a mídia mais fiel ao partido expõe um ministro do Supremo, não se trata de acaso jornalístico, mas de sinalização estratégica. Moraes começa a ser tratado como problema, inclusive entre seus aliados.

Esse movimento se encaixa com precisão no método de Donald Trump, descrito de forma quase didática em A Arte da Negociação, obra biográfica do americano, e reiterado ao longo de sua trajetória política. Trump não atua por impulsos ideológicos nem por afinidade pessoal. Ele pressiona, cria assimetrias e explora o ego do adversário. Em vez de confrontar Lula diretamente — o que provocaria reação nacionalista e fechamento de fileiras internas —, isola o elemento disfuncional do sistema: Moraes. Ao fazê-lo, oferece ao PT uma saída pragmática, ainda que não declarada publicamente: preservar o núcleo do poder político sacrificando uma peça que passou a gerar custos internacionais, econômicos e diplomáticos. Trata-se da lógica clássica da negociação dura: levar o adversário a entregar algo que, no fundo, ele próprio já começa a considerar descartável.

Nesse ponto, a direita brasileira incorre em um erro recorrente ao analisar o cenário político a partir das reações da militância de esquerda. Militância é base, não comando. Ela não sabe — nem deve saber — o que se decide nos andares superiores do poder. Sua função é defender narrativas, mobilizar emocionalmente e sustentar o discurso público. É evidente que a militância defenderá Alexandre de Moraes com fervor, pois sua imagem está associada à repressão dos adversários políticos e à proteção do projeto ideológico. Isso, contudo, não significa que os líderes do PT, aqueles que efetivamente conduzem o processo político e negociam com atores internacionais, compartilhem da mesma lealdade. Confundir a gritaria da base com a estratégia da cúpula é um erro primário de análise.

A direita precisa aprender a olhar para o topo da pirâmide esquerdista, onde decisões reais são tomadas, acordos são costurados e sacrifícios são calculados. É ali que se define quem permanece útil e quem se transforma em passivo político. A militância reage; a liderança decide.

A desconfiança de setores da direita em relação a Trump nasce justamente dessa incapacidade analítica e da ignorância sobre quem é o líder americano. Falta senso de proporções. Trump enfrenta o establishment global, corporações, imprensa internacional e potências estrangeiras, sob risco real à própria vida. Do outro lado, parlamentares brasileiros que, diante de qualquer pressão institucional, se mostram frágeis, acuados e politicamente rendidos. Colocar essas figuras no mesmo plano revela mais sobre a pobreza da análise do que sobre Trump.

Por fim, é preciso encarar o ponto central sem hipocrisia: Trump joga para que os Estados Unidos exerçam poder sobre o mundo. Isso incomoda liberais e escandaliza a esquerda, mas China e Rússia fazem exatamente o mesmo — com um agravante decisivo. São regimes autoritários, nos quais a população não pode discordar abertamente de seus líderes, a oposição é reprimida e a crítica é criminalizada. Ainda assim, raramente recebem a mesma condenação moral. Trump, ao contrário, age às claras, dentro de uma democracia barulhenta e sob escrutínio permanente.

O que se desenha, portanto, é um jogo de poder clássico. O PT sinaliza, por meio de vazamentos estratégicos e silêncios convenientes, que Moraes pode ser negociável. Trump aplica pressão seguindo um método conhecido e testado. E a direita, se quiser amadurecer politicamente, precisa abandonar análises baseadas em slogans de militância e passar a observar, com frieza, os movimentos de quem realmente manda no jogo.

As questões que ficam são: O PT tem mesmo força eleitoral suficiente para sobreviver sem Moraes, sem o ativismo judicial e com precedente aberto para o congresso dar impeachment em outros ministros quando estes incomodarem as casas legislativas?

Elber Magno.

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