
Prefeito, vice e todos os vereadores de uma cidade do Maranhão são presos por esquema milionário de corrupção
25/12/2025 às 15:00 Ler na área do assinante
A Justiça determinou a prisão do prefeito, da vice-prefeita e de todos os 11 vereadores de um município do interior do Maranhão em uma investigação que apura um amplo esquema de corrupção e desvio de recursos públicos. As ações ocorreram em Turilândia e também em São Luís, capital do estado.
Desde segunda-feira, operações conduzidas pelo Grupo de Ação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com apoio da Polícia Militar, resultaram na prisão de 14 pessoas. Entre os detidos estão seis vereadores, a atual vice-prefeita de Turilândia, Tânia Mendes, e um médico neurocirurgião apontado como agiota, acusado de emprestar dinheiro ao prefeito do município.
Durante as diligências, os agentes encontraram mais de R$ 2 milhões em espécie na residência do irmão do neurocirurgião, valor que, segundo os investigadores, pode estar relacionado ao esquema criminoso.
Na quarta-feira (24), cinco investigados que ainda estavam foragidos se apresentaram espontaneamente à polícia. São eles o prefeito Paulo Curió, filiado ao União Brasil; a primeira-dama, Eva Curió; a ex-vice-prefeita Janaína Lima, do PRD; o marido dela, Marlon Serrão; e o contador da prefeitura, Wandson Jhonathan Barros.
O Ministério Público apura a atuação do prefeito, da vice-prefeita e dos 11 vereadores pelos crimes de organização criminosa e corrupção. De acordo com os promotores, o esquema teria desviado mais de R$ 56 milhões dos cofres públicos em um período inferior a quatro anos.
Segundo as investigações, desde 2021, um posto de combustíveis pertencente à ex-vice-prefeita Janaína Lima e ao marido era utilizado para lavar dinheiro. A prefeitura realizava pagamentos por abastecimentos que, conforme apurado, não aconteciam, e os valores retornavam diretamente ao prefeito Paulo Curió.
Ainda conforme o Ministério Público, a servidora responsável pelos pregões eletrônicos do município, Clementina de Jesus Pinho, confessou que a maioria das licitações era fraudada. Ela também foi presa no âmbito da operação. Em depoimento, Clementina afirmou que agia sob ordens diretas do prefeito.
“Dito por ela, 95% das licitações foram fraudadas de acordo com a determinação do Paulo Curió. E ela trouxe um dado muito interessante, ela fazia isso para ganhar mimos, ganhar presentes, ganhar algo espúrio”, declarou o promotor de Justiça Fernando Berniz.
Apesar das prisões, cinco vereadores continuam foragidos. A Justiça decidiu converter a prisão preventiva dos outros seis parlamentares municipais em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica.
Mesmo sendo alvo da investigação, o presidente da Câmara Municipal, José Luís Araújo, também do União Brasil, não foi afastado do cargo e deverá assumir interinamente a administração do município. Segundo o Ministério Público, a medida busca evitar a paralisação dos serviços públicos.
“Para que a gente não inviabilizasse a administração municipal, os vereadores continuarão exercendo sua vereança. Inclusive, a decisão da desembargadora, ela deixou essa opção: vai ser encaminhada essa decisão dela ao Procurador Geral de Justiça do estado do Maranhão para que ele analise a possibilidade ou não, preenchendo ou não os requisitos, de ingressar com uma ação interventiva no município de Turilândia”, afirmou Fernando Berniz.
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