Careca do INSS também atuava como lobista no Ministério da Saúde de Lula, demonstram mensagens em mãos da PF
29/12/2025 às 12:32 Ler na área do assinante
O governo Lula 3 também está enterrado num mar de corrupção e propina. Essa evidência vai ficando cada dia mais nítida. Eles, de fato, voltaram à cena do crime.
Antonio Carlos Camilo Antunes, Careca do INSS, mantinha comunicações com Swedenberger Barbosa, atual chefe do Gabinete Adjunto de Gestão Interna da Presidência da República. A Polícia Federal (PF) identificou mensagens que mostram essa articulação, incluindo uma de novembro de 2024 onde o lobista informava a um contato que "Berger já está com aquela orientação em mãos".
A PF investiga a atuação de Careca para introduzir medicamentos à base de canabidiol no Sistema Único de Saúde (SUS) sem processo licitatório. Documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação indicam que o lobista esteve na secretaria-executiva do Ministério da Saúde em cinco ocasiões entre março de 2024 e fevereiro de 2025, período em que Barbosa ocupava o cargo de secretário-executivo.
Os registros ministeriais documentam que Careca e Roberta Luchsinger, empresária próxima a Fábio Luís Lula da Silva, filho de Lula, participaram juntos de reuniões com Barbosa para discutir cannabis medicinal. A World Cann, empresa vinculada a Antunes, seria a fornecedora dos produtos ao sistema público.
Por meio da Secretaria de Comunicação da Presidência, Swedenberger Barbosa confirmou os encontros.
"A agenda ocorreu em conformidade com as atribuições da sua função à época, sem que tenha havido qualquer tipo de 'orientação' para a sua realização", afirmou no comunicado.
O atual assessor presidencial, que deixou o Ministério da Saúde após a chegada de Alexandre Padilha em março, enfatizou que as reuniões não geraram resultados concretos.
"O encontro não teve nenhum desdobramento, o que evidencia sua condução técnica e afasta a tese de qualquer tipo de influência política", declarou Barbosa.
Ele acrescentou que "o produto mencionado [cannabis medicinal] sequer está incorporado ao SUS, nenhuma compra foi realizada e não existe qualquer processo dentro do Ministério da Saúde para a sua inclusão ou oferta."
PF também encontrou mensagens que sugerem que Careca possuía informações antecipadas sobre mudanças ministeriais. Em janeiro de 2025, antes do anúncio oficial, o lobista já mencionava Padilha como futuro ministro da Saúde, escrevendo:
"Nossos projetos foram assumidos pelo novo ministro.. Ficou melhor… [sic]".
O Ministério da Saúde esclareceu, em nota, que Padilha foi anunciado oficialmente apenas em 25 de fevereiro, classificando afirmações anteriores como especulações.
Outras mensagens obtidas pela PF mostram Roberta Luchsinger orientando Careca a eliminar evidências.
"Antonio, some com esses telefones. Joga fora", escreveu ela em 29 de abril. Apesar dessa tentativa, Careca foi preso pela PF em 12 de setembro.
A investigação federal aponta que Roberta recebeu R$ 1,5 milhão de Careca. Em uma dessas transações, o lobista teria indicado que o dinheiro seria para "o filho do rapaz", expressão que gerou suspeitas entre os investigadores.
Em depoimento à CPMI do INSS em setembro, Antunes confirmou relações comerciais com Luchsinger, mas alegou que a consultoria "não prosperou".
Em resposta oficial, Swedenberger Barbosa, através da Secretaria de Comunicação da Presidência, informou:
"Mesmo sem tido acesso à suposta troca de mensagens citada na reportagem, Swedenberger Barbosa esclarece que recebeu representantes das empresas World Cann e Duosistem, para visita institucional devidamente registrada em sua agenda pública, em janeiro de 2025, quando ocupava o cargo de secretário executivo do Ministério da Saúde."
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