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Convite "sincero" de formatura viraliza na rede, mas recebe resposta fulminante de professor

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Um aluno formando em direito resolveu desabafar nas redes sociais a sua frustração com a vida na faculdade. Detonou meio mundo e manifestou o quanto estava aliviado por terminar o curso.

Longe do texto padrão, o estudante de 23 anos fez um relato de as suas angústias durante o curso universitário. O texto viralizou nas redes sociais.

Veja o texto:

“Passados seis fucking anos e acabou essa desgraça. A faculdade começou de uma maneira maravilhosa, estava empolgado com um novo ambiente, novos professores, novas amizades. Pobre iludido era eu. Foram-se os anos e eu já estava surtando com assuntos acumulados, vários trabalhos para entregar, provas cujo único objetivo era foder com a minha vida social e desgastar meus neurônios, sem falar na demora de colocar a nota no sistema, né? Jesus, eu já não estava mais aguentando, pisar na faculdade no fim do curso era um tormento, eu olhava a cara dos professores e lia em suas testas "atura ou surta", meus colegas me davam raiva (principalmente aqueles que ao fazer uma pergunta na aula dão uma palestra. Nunca seja esse tipo de pessoa!), todos os dias eu olhava para aquele lugar e dizia: não dá mais. E para completar, no último ano, ainda tive que estudar para a maldita prova da OAB e entregar um TCC. Aos meus inimigos, gostaria de dizer que acabou, estou formado e pronto para meter o famoso processinho. E como diria um filósofo contemporâneo cujo nome eu não me lembro, "não estudo para ser chamado de doutor, estudo para ser chamado de rico".

A resposta mais adequada, que também viralizou, veio fulminante e partiu de um professor de direito, Ronnie Preuss Duarte, presidente da OAB de Pernambuco. 

Veja abaixo:

Li atentamente um convite de formatura que “viralizou” há poucos dias na internet. Fui tomado pela lembrança de um sentimento que me invadiu há exatos 21 anos, quando finalmente pude realizar um sonho de infância: colar grau no curso de direito. Recordo-me vivamente da empolgação vivenciada durante os cinco anos passados na faculdade. Lembro-me da inquietação, da ansiedade em poder, ao depois, finalmente exercer a advocacia. Nas escolhas profissionais, jamais fui animado por perspectivas de ganhos significativos. Era motivado, apenas, pela paixão, pela nobreza do ofício e pela perspectiva de poder exercer um protagonismo na administração da justiça aos cidadãos. Lembro com saudades dos tempos universitários. Sinto falta dos amigos de outrora. Reverencio os meus mestres, levando comigo uma imorredoura gratidão pelos valiosos ensinamentos recebidos. Encarei as renúncias ao convívio social como algo inerente à responsabilidade que deve recair sobre aqueles que, missionários da justiça, buscam uma formação técnica para defender os direitos alheios, dos cidadãos. Quanto aos exames, sempre os tive como algo absolutamente necessário à verificação da apreensão de conteúdos indispensáveis ao cabedal de um bom profissional do direito. Ao fim e ao cabo, fui tomado por um profundo sentimento de pesar pelo emissário do tal convite. Senti pena do jovem bacharel que, almejando apenas a riqueza, fez um curso que para ele foi tido como “desgraçado”, que via as provas como algo cujo único propósito era “foder” a sua vida social e que tinha raiva dos colegas, qualificando de “tormentoso” o simples ato de pisar na faculdade. Finda a leitura do texto, lamentei profundamente que a bendita prova da OAB não seja capaz de aferir a vocação dos candidatos. Ao jovem Lucas, se me fosse consentido, daria um conselho: não siga a advocacia. Por tudo o que li, tenho a certeza de que nela você poderá até ficar rico, mas muito dificilmente conseguirá ser feliz!
da Redação Ler comentários e comentar