O diálogo travado entre Rosário e o assaltante

28/12/2017 às 12:06 Ler na área do assinante

A deputada federal do PT Maria do Rosário Nunes foi vítima de um assalto a mão armada no início da noite desta quarta-feira (27) em Porto Alegre (RS).

A petista estava em frente de sua casa, acompanhada de seu marido, preparando o seu Citroen C3 para uma viagem.

A inteligência do articulista Eduardo Affonso preparou o suposto diálogo havido entre Maria e os assaltantes. 

Vale a pena conferir.

- Perdeu, tia!
- O quê queísso? O quê queísso?
- Isso é um assalto, tia. Entrega logo o celular, a carteira, senão leva chumbo.
- Não mesmo! Isso não é um assalto, isso é uma expropriação, uma distribuição de renda, uma socialização dos bens de consumo.
- Não enrola, tia. Larga a chave e vaza!
- Você é uma vítima da sociedade...
- Vítima vai ser a senhora se não calar essa boca e me entregar o carro.
- ... uma criança!
- Que porra é essa de me chamar de criança? Tá pensando o quê? Tenho 16 anos, uma filha de 3, e 15 passagens pela polícia. Me respeita!
- Você só está fazendo isso porque a sociedade te rejeita porque você é afrodescendente e pela sua orientação sexual.
- Tá loca? Eu sou branco que nem a senhora. E que papo é esse de orientação sexual? Tá me estranhando?
- Você pode se autodeclarar o que quiser, e eu vou respeitar sua opção racial e sua construção de gênero.
- Tia, eu não sei o que a senhora fumou, mas seu fornecedor parece melhor que o meu. Agora me dá o relógio, as jóias...
- Você não merece ser chamado de ladrão, porque só está levando de volta o que te pertence. Tudo isso aqui é seu. Foi comprado - literalmente! - com o seu dinheiro.
- Tia, para com isso que a senhora tá me assustando. Eu podia estar no PT, podia estar de mimimi nas redes sociais, mas estou aqui roubando honestamente. Eu quero o carro para fazer outros assaltos, depois vender tudo e comprar droga. Só isso. Não bota ideologia no meio, que eu sou assaltante e traficante, mas não sou bandido.
- Não é bandido? Então fora do meu carro, agora! Eu ia chamar uma ONG, convocar uma manifestação, criar uma 'rexitegue', fazer coraçãozinho com as mãos e falar "gratidão", mas vou é acionar a polícia! E devolve minha bolsa de grife, meu cartão de crédito e meu 'aifone', seu... seu... seu capitalista, fascista, golpista!
- Tá bom, tá bom, eu levo só o carro. E não precisa cuspir, tia!

Eduardo Affonso

É arquiteto no Rio de Janeiro.

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