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A morte dos médicos

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A dor da morte precoce de alguns colegas de ofício, me fez olhar sobre a fragilidade da vida, sobre a miséria de nossa existência.

O glamour da vida do médico, não existe na vida real. Existe apenas na novela das 20 horas. O doutor bonitão, perverso e rico, figura odiada e invejada, se desfaz como escultura de areia ao vento, quando saímos do folhetim para as infindáveis horas de trabalho árduo, incessante e doloroso.

Muitos estão sob os escombros de uma vida cheia de pressões, excesso de trabalho, excesso de responsabilidades, falta de tempo e privação de sono. Roubamos o nosso convívio com a família, com os amigos e acabamos numa imensa angústia, solidão e vazio emocional... Para muitos médicos, a vida é ingrata, dura...somos feitores de nós mesmos! Cobramos e somos cobrados...perfeição, resultado, infalibilidade...Não nos permitimos fraquejar, errar, temer. Escondemos nossa fragilidade, nossos problemas, como se isso fosse uma mácula, uma vergonha ou um pecado. Somos gente! Somos humanos! O uso de drogas é extremamente em nosso meio...talvez pra exorcizar a tristeza, a depressão, a angústia...

Peço aqui de coração a todos os meus amigos...beijem mais, amem mais, se divirtam mais...desfrutem de suas famílias e amigos! Permitam-se...errar, pecar, falhar...façam sempre o seu melhor, mas sem esquecer que nunca fomos deuses e nem heróis...Memento mori! Ou seja, lembra-te que és mortal....

(Texto de Adriana Lisboa, médica em Santa Catarina)

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