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É a hora da resistência e somos todos Cármen Lúcia (Veja o Vídeo)

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Guenta firme, Carminha.

Você não saiu de Espinosa, lá no cocuruto de Minas, achando que tudo iam ser flores, né?

No dia em que pegou aquele ônibus e se despediu do seu Florival na rodoviária, certamente não imaginava que a viagem ia ser tão longa, e que depois de tanto solavanco e tanta baldeação, era hoje que você ia desembarcar.

Não importa se no campo "destino" estava escrito Montes Claros ou Belo Horizonte: foi para você estar hoje onde está que seu pai comprou aquela passagem, despachou a bagagem, você guardou a bolsa no compartimento de cima e se sentou, com um livro nas mãos.

Você não pinta o cabelo, e mulheres que não pintam o cabelo são um perigo. Não é que não tenham vaidade. A vaidade é de outro naipe, de outra cepa. E não é vã.

Você é mineira, e mineiro dá um boi pra não entrar na briga, e uma Friboi pra não sair dela.

Daqui a pouco você vai ser confrontada. Vão esbravejar, vão exigir, bradar, bramir, postular, requerer. Você sabe aonde querem chegar, não sabe? Então deixe que digam, que pensem, que falem.

Ouça com atenção. Agradeça a percuciente elocução do preclaro colega, as acauteladas arguições do ínclito ministro, os judiciosos argumentos do egrégio colegiado.

E então use a palavra "casuísmo".

Pode ser uma vez só, duas, quantas quiser. Mas use, por favor. Porque é disso que se trata.

Pode usar também "subterfúgio", "pretexto", "manobra", "conluio", "ardil". Mas não se esqueça do "casuísmo".

Pense em quem veio antes de você na presidência da corte e em quem está por vir. Você é a pessoa certa no lugar certo na hora certa com o poder de fazer com que o errado não prevaleça.

Mineira, você sabe que galinha que acompanha pato morre afogada.

O trem tá feio.

#ResistaCarmenLucia.

Foto de Eduardo Affonso

Eduardo Affonso

É arquiteto no Rio de Janeiro.

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