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Elementar, meu barato Watson

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Se a Justiça reconhece que a cassação de Alcides Bernal foi um crime, mandando devolver a ele o mandato usurpado, como é que ficam os criminosos? Continuam à mesa do jogo tentando ainda dar as cartas e jogar de mão?

Que ninguém se esqueça da matemática numérica, ciência exata, e da matemática política, a lógica da ilógica: dos 29 vereadores, 23 participaram de uma votação engendrada em processo encomendado para oficializar a degola de Bernal.

Esses 26 vereadores seriam - ainda considerando os suplentes que assumiram - a ampla maioria que controlava e ainda controla o Poder Legislativo de Campo Grande. Se continuam votando e legislando, seus mandatos implicam situações imprevisíveis para o município, em consequência do hiato que se rasga com a sociedade das pessoas de bem após a certeza decretada de que não se mostraram aptos a representá-la.

O prefeito resgatado jurídica, política e judicialmente ao cargo terá de submeter-se a um contexto de gestão institucional e orgânica em que mais de dois terços da Câmara Municipal estão com seus mandatos e atribuições contaminados pelo malfeito? Ou esse malfeito se esgota na anulação do decreto criminoso que cassou o prefeito eleito pelo povo?

Numa analogia comparativa, seria como ignorar que houve roubo depois de o ladrão devolver o dinheiro. E, assim, nesse modelo de "jurisprudência" compensatória, qualquer um estaria instado a corromper ou ser corrompido na expectativa de, se for apanhado, safar-se mediante a restituição do produto da pilhagem.

É fundamental, ainda,

avaliar a extensão numérica -eita lógica matemático-políica - das responsabilidades individuais que deram a tinta golpista. Além dos 26 vereadores, compõem esta aquarela os demais partícipes do concurso criminoso que, em diferentes níveis e encargos, garantiu a montagem da guilhotina de março de 2014.

Na operação policial de quarta-feira, a que precedeu a decisão do Tribunal de Justiça, a Polícia levou para esclarecimentos nove dos 26 vereadores e apreendeu 17 celulares de suspeitos. No mínimo, os vereadores submetidos à chamada "condução coercitiva" deveriam estar impedidos de legislar. Eles e os que se acumpliciaram na orquestração que defenestrou Bernal. Não havia anjinhos. Todos sabiam o que votariam, como votariam e com que objetivo.

Ah, essa matemática, esses números...qual o tamanho do prejuízo de Campo Grande e de que forma seus prejudicadores irão ressarci-la? A resposta, é como diria meu inesquecível e genial Josino Teodoro: elementar, meu caro...

Edson Moraes

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